15 setembro, terça-feira, 2020 às 6:28 pm
ComentáriosÀs portas da escola Estado do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, educadores e servidores das três esferas protestaram contra a Reforma Administrativa de Bolsonaro, que coloca em risco a própria existência do serviço público no Brasil.
Convocado pela Frente de Servidores Públicos (FSP/RS), a mobilização ocorrida na manhã desta terça-feira (15) marcou o lançamento de uma campanha conjunta contra o projeto, que ameaça a estabilidade, os concursos públicos, os salários, os direitos e as carreiras de quem presta serviços essenciais à população.
A escola, que se está ocupada por educadores, pais e ex-alunos, é ameaçada de fechamento pelo governo de Eduardo Leite (PSDB), alinhado, como o prefeito Nelson Marchezan Jr. (PSDB), à política de Jair Bolsonaro (sem partido) e Paulo Guedes de desmonte dos serviços públicos e de ataque à educação, à saúde, à Justiça e à população.
Durante a atividade, revezaram-se ao microfone representantes de diversas categorias, denunciando a reforma administrativa e o projeto de Bolsonaro e Guedes para o país, refletido no RS e em Porto Alegre por Leite e Marchezan.
“Estamos marcando o início da luta contra a Reforma Administrativa do governo Federal. Bolsonaro e Leite têm muito em comum. Eles estão unificados pelas propostas de Guedes, pautadas na precarização e desmonte total do serviço público”, asseverou a presidente do CPERS, Helenir Aguiar Schürer.
Reforma quer privatizar o Estado
A reforma impõe medidas que têm o objetivo de privatizar o Estado, reduzir investimentos, minar políticas de combate à desigualdade e transformar a oferta pública e gratuita de serviços em mercadoria privada.
“É a sociedade que precisa da escola pública, do posto de saúde, do SUS. É essa a luta que estamos fazendo na rua. O fim da estabilidade, o fim do concurso público, não é só ataque aos servidores, é ataque à população”, disse o diretor do Sintrajufe/RS, Zé Oliveira.
Mais uma vez, o governo chantageia os brasileiros dizendo que a reforma é necessária para o Brasil crescer. É o mesmo discurso que foi utilizado para congelar investimentos por 20 anos e acabar com a aposentadoria e as leis trabalhistas.
A aliança entre o governo e a mídia, que depreciam a atuação dos servidores(as) e mentem à população a respeito do peso das carreiras nos gastos públicos, exigirá unidade e perseverança para barrar o projeto.
A luta está só começando. O próximo ato será realizado no dia 30 de setembro, integrando o Dia Nacional de Mobilização contra a Reforma, convocado por centrais sindicais para dizer “NÃO” à destruição do Estado.
Rio Grande do Sul resiste
Com máscaras e respeitando o distanciamento mínimo de 1,5m, o grupo também protestou contra o fechamento da escola Rio Grande do Sul. A instituição foi arrombada pelo governo que, de forma arbitrária, sumiu com documentos dos estudantes e pertences, forçando a sua mudança para a EEEF Leopolda Barnewitz.
A instituição permanece ocupada pela comunidade escolar como ato de resistência à postura autoritária de Eduardo Leite (PSDB).
“Rio Grande do Sul, resiste!”, entoavam os participantes.
Para a professora, escritora e ex-aluna da EEEF Estado do Rio Grande do Sul, Atena Beauvoir Roveda, fechar a instituição é acabar com a história de toda a comunidade.
“São as nossas vidas. É a nossa escola. É a minha história e é a história de tantos outros alunos e alunas. Se ele tira essa história daqui, ele tira uma parte da mim nessa capital”, afirmou.
Reforma é o fim dos serviços públicos
Para o diretor do Sintrajufe-RS e da CUT-RS, Marcelo Carlini, "se quisermos levar a PEC 32/2020 ao pé da letra, não podemos falar em reforma. Ela é o fim dos serviços públicos. A pedra angular é a mudança no artigo 37 da Constituição Federal, que trata dos princípios da administração pública. Bolsonaro propõe colocar o princípio da subsidiariedade, ou seja, o Estado só entra onde a iniciativa privada não puder atender".
"O Estado é acessório, portanto. É daqui que parte a intenção de colocar as Organizações Sociais, as chamadas parcerias com o setor privado, em todo o lugar. Ou seja, sai o Estado e entra o lucro sobre os serviços públicos. Queremos o contrário, queremos mais e melhores serviços públicos. Um alerta que não posso deixar de repetir, face à onda de mentiras do governo e da maioria da imprensa: essa PEC pega todo mundo, ativos, inativos, atuais, futuros, e atinge também todos aqueles que precisam dos serviços públicos, ou seja, a maioria da população brasileira”, disse Carlini.
A diretora do Sintrajufe-RS e da CUT-RS, Mara Weber, ressaltou a necessidade de que a população compreenda os reais efeitos da proposta do governo. “As pessoas precisam ser esclarecidas sobre o que representa a reforma administrativa. Ela representa a volta do ‘trem da alegria’ no serviço público, onde cada prefeito, cada governador, cada prefeito, vai escolher os seus amigos pra colocar para atender a população na educação, na saúde, na Justiça… quando você for ser atendido quem vai estar lá vai ser alguém de confiança daquele governo, e não de confiança da população, que passaram por um concurso público, que tenha a capacidade de dizer não para abusos dos governantes”.
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Fonte: CUT-RS com CPERS e Sintrajufe-RS
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