26 agosto, quarta-feira, 2020 às 8:00 am
ComentáriosO Senado aprovou no início da noite desta terça-feira (25) a PEC 26/2020, que torna permanente o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb).
O relator da matéria na Casa, senador Flávio Arns (Rede-PR), manteve o relatório aprovado na Câmara em julho, de autoria da deputada Professora Dorinha Seabra (DEM-TO). A PEC original (15/2015) foi apresentada em 7 de abril de 2015 pela então deputada federal Raquel Muniz (PSC-MG).
A proposta foi aprovada por unanimidade em primeiro e segundo turnos. Nenhuma emenda foi apresentada. Como se trata de uma emenda à Constituição, o texto será promulgado nesta quarta-feira (26) e não corre o risco de ser vetado pelo presidente Jair Bolsonaro.
Construído com a participação da sociedade por meio de debates e mobilização de entidades como a Campanha Nacional pelo Direito à Educação, coalizão composta de diversas entidades ligadas à educação, como a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), o novo Fundeb foi concretizado em um texto conciliador.
Ele é considerado um avanço para o financiamento da educação pública no país. Entre as conquistas, está a incorporação do Custo Aluno-Qualidade (CAQ), o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Sinaeb), o aumento dos atuais 10% para 23% da complementação da União, e a preservação do Salário-Educação.
O CAQ é um parâmetro do montante a ser investido a cada ano, por aluno, para garantir a melhoria da qualidade do ensino nas creches, pré-escolas e escolas de ensino fundamental e médio. Para isso, leva em consideração os custos de manutenção para todas as etapas da educação básica. O objetivo é garantir um padrão mínimo de qualidade, com oferta de infraestrutura, biblioteca, quadra, laboratório de ciências e acesso à internet, entre outros, tudo visando reduzir as desigualdades educacionais.
Segundo o Ministério da Educação, 31% das escolas não têm sequer acesso a água potável. Reconhecido pelo Conselho Nacional de Educação e adotado no Plano Nacional de Educação, o CAQ foi desenvolvido pela Campanha Nacional pelo Direito à Educação.
Fundeb atual
O Fundeb atualmente em vigor, criado durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – conforme lembrou o senador Humberto Costa (PT-PE) –, perde a validade em 31 de dezembro. Se o novo não tivesse sido aprovado, 94,2% das matrículas da educação básica em todo o país estariam seriamente ameaçadas, conforme cálculos do Dieese.
O Nordeste seria a região mais prejudicada, uma vez que 98% dos municípios perderiam recursos. Na região Norte, 93% das cidades também deixariam de receber investimentos, seguindo-se o Centro-Oeste (57%), Sul (50%) e o Sudeste (56%).
Levar ensino de qualidade
Em votação histórica, os educadores Paulo Freire (1921-1997), Darcy Ribeiro (1922-1997) e Anísio Teixeira (1900-1971) foram homenageados por diversos senadores, como Paulo Paim (PT-RS), Rogério Carvalho (PT-SE), Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Fabiano Contarato (Rede-ES).
Presidente da Comissão de Direitos Humanos do Senado, Paim lembrou durante a sessão que “levar o ensino com qualidade aos nossos estudantes, sejam eles brancos, negros, indígenas, adultos é reverenciar a própria vida”.
O senador gaúcho destacou, ainda, a importância da educação no combate aos preconceitos: “a educação tem a força do preparo, da consciência e do diálogo para dizer ‘não’, e o mundo está mostrando isso! Não ao racismo, não aos preconceitos, não às discriminações”.
Mobilização
Ao longo da tramitação da PEC do Fundeb, a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) promoveu diversas audiência públicas e mobilizações virtuais, reunindo apoio de sindicatos e de diversas organizações da sociedade civil. O movimento nas redes sociais foi fundamental para a aprovação da PEC na Câmara dos Deputados e no Senado.
"Agradecemos a todos e todas que participaram ativamente das mobilizações nas redes, que enviaram e-mails e mensagens de whats app aos parlamentares. Esse movimento foi fundamental para a aprovação do Fundeb", registra o presidente da CNTE, Heleno Araújo.
Fonte: CUT-RS com CNTE e Rede Brasil Atual (RBA)
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