Exatos treze meses se passaram entre o afastamento da presidenta Dilma Roussef e as denúncias que põem um ponto final no governo golpista de Michel Temer. Instabilidade política, crescente deterioração institucional , agravamento da crise econômica e aceleração do processo de imposição das contra reformas golpistas de retirada de direitos, da entrega das riquezas e da soberania nacional, associadas à escalada da violência policial e da criminalização dos movimentos populares.
Nas tramas do Judiciário, a mais despudorada violação de princípios e ensinamentos básicos da justiça burguesa, numa implacável caçada sem provas ao presidente Lula, que a despeito da cotidiana e odiosa campanha da mídia golpista para destruir a sua história, legado e imagem, mantém-se na condição de maior liderança popular do país e segue capaz de derrotar nas urnas o aparato que sustenta o golpismo. Isto indica que a direita será capaz de qualquer coisa para liquidar a ameaça que Lula representa.
A derrocada de Temer abre uma nova etapa na luta contra o golpe e a ofensiva conservadora, ainda mais complexa uma vez que se explicitam as contradições e fissuras no bloco golpista, ao mesmo tempo em que se cristaliza a unidade do grande capital para implantar o programa conservador tal como foi concebido. Sem concessões. Temer é descartado porque não foi capaz de impor as contra reformas frente à resistência popular construída pela CUT articulada com as centrais sindicais e movimentos populares que compõem as Frentes Brasil Popular e Povo sem Medo.
À frente da resistência ao Golpe, intensificaram as lutas nas ruas, nos bairros e o trabalho de base, mostrando e relacionando o golpe com a retirada de direitos históricos conquistados em um século de lutas pela classe trabalhadora. Às centrais sindicais que apoiam Temer e cujo horizonte estreito era de negociação das contra reformas, restou aderir à movimentação, sob pena de sucumbirem à pressão das bases.
A queda de Temer está diretamente relacionada com o agravamento da crise econômica e social e com o avanço da capacidade de mobilização social e a rejeição ao governo golpista e as contra reformas durante todo o mês de março e que culminaram na greve geral de 28 de abril.
Deste modo, e frente à gravíssima crise institucional uma das saídas encontrada pelo grande capital é o conhecido “Fora Todos”, entoado pelo esquerdismo, abrindo caminho para uma ditadura do judiciário, a via parlamentarista ou ainda para “novidades” eleitorais no campo conservador. Importante destacar que a ação de setores da PF e da Procuradoria Geral da República em contraposição a notória proteção que a República de Curitiba dava ao PSDB expressam na arena do judiciário as contradições e interesses das diferentes frações da burguesia.
Diante da gravidade da situação política a responsabilidade política da CUT se amplia ainda mais. A única resposta capaz de alterar a situação a favor da classe trabalhadora é colocarmos todas as nossas forças em movimento, tomarmos as ruas em todo o país com o Fora Temer e Diretas Já e a exigência da retirada das Contra Reformas Trabalhista e da Previdência do Congresso Nacional.
Neste contexto, o Congresso Extraordinário da CUT , cuja etapa estadual terá inicio em junho, ganha uma relevância ainda maior e poderá se converter num momento ímpar para o aprofundamento do debate estratégico cada vez mais necessário para incidirmos no médio e longo prazo, numa perspectiva de construção de uma estratégia democrático popular articulada com a luta pelo socialismo.
Sob as bandeiras do Fora Temer, Diretas Já e pela Retirada das Reformas, a CUT deve buscar a mais ampla e forte unidade com as Frentes Brasil Popular, Povo Sem Medo e as Centrais Sindicais, com grande potencial de êxito frente ao acúmulo de forças que coletivamente construímos desde a luta contra o impeacheament.
Mas também devemos também apontar claramente uma saída política democrática para o país que para além do Fora Temer e Diretas Já, passa por eleições gerais, a eleição de Lula para a presidência da república e uma Assembleia Constituinte, que é essencial para dar legalidade institucional para a revogação imediata das medidas golpistas, além de embasar um programa de reformas democrático-populares e estruturais capazes de apontar uma perspectiva de avanços políticos, sociais, econômicos e culturais para a classe trabalhadora brasileira.
Nos próximos dias, todo apoio às mobilizações, força total em todo o país para os atos unitários das Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo no dia 21 de maio. No dia 24 de maio, Ocupar Brasília pela retirada das Contra Reformas e Diretas Já, com atos em todas as capitais.
Jandyra Uehara Alves é secretária nacional de Políticas Sociais e Direitos Humanos da CUT
Fonte: CUT Nacional
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