22 janeiro, segunda-feira, 2018 às 3:30 pm
ComentáriosO rompante moralista do Congresso Nacional, que resultou no impeachment, não tinha relação com o suposto crime de responsabilidade imputado à presidenta Dilma Rousseff. Na verdade, tratava-se de uma conspiração, perpetrada por diferentes corporações empresariais nacionais e internacionais, escorada em um vice-presidente traidor, que se aliou à oposição quatro vezes derrotada para trocar um programa político, econômico e social, democraticamente consagrado nas urnas, desde 2002.
Agora, tudo leva a crer que a presteza de setores do Judiciário Federal em adiantar o julgamento e o conjunto de arbitrariedades jurídicas, que acompanham o processo movido pelo juiz Sérgio Moro, visa frustrar a candidatura do ex-presidente Lula e remover o principal obstáculo à continuidade do golpe.
Estão receosos de que a população brasileira, penalizada pelas consequências nefastas das políticas adotadas pelo atual governo, reacenda a sua esperança na candidatura de Lula. Temem uma reversão na agenda de “reformas”, principalmente a da Previdência que está na mira dos financiadores do golpe para ser votada no próximo mês. Sem candidato com perspectivas de sucesso eleitoral, só resta uma saída para as elites: tirar Lula do páreo.
Lula é o trabalhador que colocou em prática o sonho de um Brasil igualitário. Lula é o metalúrgico que abalou a famigerada dicotomia entre a casa grande e a senzala. Lula é o estadista que semeou a possibilidade de relações internacionais soberanas. Lula é o presidente que apostou na democracia e em soluções pactuadas como método para solucionar problemas políticos. São esses os “crimes” que estarão sendo julgados em Porto Alegre.
A pior condenação será assistirmos ao desemprego se avolumar, à epidemia de trabalho indigno e precário se alastrar, ao sistema previdenciário e de seguridade social se exaurir, às áreas de saúde e educação empobrecendo e às nossas riquezas naturais sendo dilapidadas.
Os que hoje aplaudem o julgamento de Lula viverão intranquilos em um país que condena a sua juventude ao vazio da falta de perspectivas. E muitos dos que lavam as mãos, como Pilatos, não tardarão para compreender o quanto foram cúmplices do assalto aos seus próprios direitos.
Claudir Nespolo é metalúrgico e presidente da CUT-RS.
Fonte: CUT-RS
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