14 dezembro, segunda-feira, 2015 às 3:48 pm
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Os chilenos se surpreenderam por uma ligação a um programa de rádio em que um ex-militar relatou, com detalhes, os crimes que cometera durante a ditadura militar no país (1973-1990). Tudo começou no último dia 9 de dezembro, com uma insuspeita chamada ao programa popular El Chacotero Sentimental (“O piadista sentimental”, em tradução livre), da rádio Coração, de Santiago.
O ouvinte ligou para falar sobre um romance frustrado e logo começou a confessar mortes de presos políticos pouco após o golpe de Estado do general Augusto Pinochet.
O homem no ar dizia se chamar Alberto, e contou ao apresentador Roberto Artiagoitía (foto) como havia participado do assassinato de 18 presos políticos depois do golpe que derrubou o governo de Salvador Allende (1908-1973).
Dois dias depois, a polícia prendeu “Alberto”, na verdade Guillermo Reyes Rammsy, taxista de 62 anos e morador de Valparaíso, a 116 km de Santiago.
‘Bom soldado’
Os crimes que Rammsy confessou ocorreram no norte de Chile, região em que ele prestou serviço militar obrigatório. ”Atirávamos e depois os dinamitávamos, os corpos se desintegravam, não sobrou nada”, afirmou. ”Chorei na primeira vez, mas o tenente dizia: ‘Bom soldado, bom soldado, soldado valente’. Logo, ‘pum, pum’ outra vez. Na segunda vez eu gostei, curti.”
O ex-militar se justificou dizendo que “foi obrigado” a cometer os crimes, porque se não tivesse cumprido ordens teria sido morto pelos militares.
Estima-se que cerca de 3 mil pessoas tenham sido mortas durante a ditadura de Pinochet.
‘Minha especialidade era ser franco-atirador’
O apresentador Roberto Artiagoitía, conhecido como El Rumpy, afirmou ao jornal Las Últimas Noticias que o relato do ex-militar foi “arrepiante e de muita frieza”.
Rammsy disse que durante o golpe foi transferido de Iquique, no norte do Chile, a Santiago.
“Soube quão má pode ser uma pessoa. Matei mais de dez pessoas, minha especialidade era ser franco-atirador”, afirmou no ar.
Organizações de direitos humanos ainda lutam por justiça aos mortos e desaparecidos durante a última ditadura chilena
A polícia começou a investigação na rádio, onde requisitou a gravação e detalhes das declarações.
O mandado de prisão foi emitido pelo juiz especial para processos de direitos humanos Mario Carroza. Após a detenção, o ex-militar foi interrogado pelo juiz na presença de um advogado.
O juiz decretou prisão domiciliar e denunciou o ex-militar por dois homicídios registrados no centro de presos políticos de Pisagua, no norte do país. O magistrado disse ainda que considerará a atitude de colaboração do militar ao julgar o caso.
Fonte: BBC
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