11 junho, terça-feira, 2019 às 12:08 pm
ComentáriosPoucas vezes um governo reuniu tantos fanáticos. Um dos sentidos de fanárico é intolerante, o que remete a radical, extremista, intransigente, aquele que se vê como imbuído de uma missão moralizadora a ser executada contra tudo e todos os oponentes. O fanatismo da esquerda em governos em gestões anteriores nada muda em relação à constatação do fanatismo atual.
Há o guru fanático, Olavo de Carvalho, que, dos Estados Unidos, uiva em defesa da cultura ocidental e não se furta de alimentar a ideia de que a Terra é plana. Há o presidente fanático, Jair Bolsonaro, em luta contra o comunismo, o gayzismo, a ideologia de gênero, a indústria da multa, o politicamente correto, a Folha de S. Paulo e a Rede Globo.
Há a ministra fanática, Damares Alves, defensora da moral e dos bons costumes, menino veste azul, menina veste rosa, e da abstinência sexual na adolescência como método mais eficaz para evitar a gravidez precoce.
Há o ministro fanático antidrogas, Osmar Terra, decidido a internar pela força dependentes e a endurecer a repressão ao tráfico e ao consumo de drogas, na contramão do que o mundo começa a fazer. Há o ministro fanático do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que odeia ecologistas e pretende privatizar o monitoramento da Amazônia.
Há o ministro fanático da Justiça, o famoso Sérgio Moro, que só pensa em prisões e penas. Há o ministro fanático das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, inimigo de um espectro que estaria rondando o planeta, o globalismo, cuja principal arma seria o marxismo cultural, um método para destruir a civilização cristã.
Acabou? Claro que não. Há o ministro fanático da Educação, Abraham Weintraub, paladino da guerra contra a balbúrdia nas universidades públicas, que estariam infestadas de maconheiros e de gente pelada. Armado de guarda-chuva, Weintraub investe contra a hegemonia do marxista italiano Antonio Gramsci no imaginário docente e contra a influência do brasileiro Paulo Freire na formação das mentalidades estudantis. Até agora, o ministro conseguiu apavorar as universidades com seus cortes de verbas, semear ideias estapafúrdias e ferir de morte a língua portuguesa com um “haviam emendas”. Terminou?
Como assim? Claro que não. Há o grande fanático neoliberal Paulo Guedes, que desde a época de Fernando Collor quer privatizar o Brasil para honra e glória do capital. O projeto maior do extremista de Chicago é a privatização da Previdência por meio do regime de capitalização, mecanismo fracassado no Chile e em mais 17 países. Ideologizados ao extremo, os fanáticos do bolsonarismo acreditam ser neutros e missionários da verdade objetiva contra a ideologia comunista em expansão.
Em torno do governo, em postos maiores ou menores, orbitam fanáticos com a deputada Joice Hasselmann, no papel de virtuosa na casa da mãe Joana, e o deputado Alexandre Frota, que migrou da pornografia para os tratados de moral, mais ou menos como um ex-fumante disposto a exterminar o tabagismo.
Há, não se pode esquecer, a família fanática mais unida do universo, os irmãos Bolsonaro, 01, 02 e 03, Flávio, Carlos e Eduardo, discípulos do fanático-mor, pregadores do olavismo, que encarnam a ala mais purista e xiita do bolsonarismo, dispostos a acelerar o processo revolucionário por meio das redes sociais, onde a massa fanática pede armas, fim das multas e extinção do comunismo, que, conforme o sacerdote Olavo, impregna até as Forças Armadas. Faltou alguém? O ministro do laranjal?
Ah, o braço direito desse fanatismo de direita, o que não é pouco, o destemido Onix Lorenzoni, um dos primeiros a seguir Jair Messias Bolsonaro.
Juremir Machado da Silva é jornalista, escritor, professor, colunista do Correio do Povo e apresentador da ;Rádio Guaíba
Fonte: Correio do Povo
Após sofrer incitação ao ódio, presidente da AMPD faz denúncia na Delegacia da Intolerância de Porto Alegre
Pelo segundo dia consecutivo, RS ultrapassa lotação máxima de UTIs por Covid-19
Punição a Hallal é novo capítulo da escalada do governo Bolsonaro sobre universidades
CUT e entidades reforçam dia nacional de mobilização nesta quinta
Após pressão das centrais, vereadores aprovam projeto que autoriza Prefeitura de Porto Alegre a comprar vacinas
Justiça nega recurso do governo Leite e mantém suspensão das aulas presenciais
Lançada campanha “Bolsocaro” que critica aumento dos preços dos alimentos e dos combustíveis