2 dezembro, segunda-feira, 2019 às 10:09 pm
Comentários247 – Os vídeos sobre o massacre de jovens em Paraisópolis devem ser vistos como aqueles imponentes murais que costumam ser exibidos nos melhores museus do planeta.
Empurrados para a morte por pisoteamento a golpes de cassete, bombas e gás, os gritos e movimentos de sofrimneto sem fim daquela massa humana dizem tudo o que é preciso saber sobre as tragédias do Brasil de nosso tempo.
Forçados a matar-se uns aos outros por esmagamento, única forma de tentar escapar da própria morte, jovens pobres do país são conduzidos a um salve-se quem puder aonde nem todos perecem – mas a rigor ninguém se salva. Nem os que tiveram a sorte de permanecer vivos.
Agora que ficou demonstrado que a principal herança do espetáculo da Lava Jato foi um país sem empregos, a economia destruída e um Judiciário partidarizado, cabe reconhecer que neste fim de semana a periferia da maior cidade brasileira caminhou numa treva sem registro nos livros de história.
Atravessamos a fronteira na qual a morte violenta de inocentes torna-se a grande moeda de troca da luta política. Pois era isso – cadáveres – que a PM sabia que iria encontrar quando foi para cima da juventude em Paraisópolis, encurralando centenas, quem sabe milhares, contra o muro e o asfalto de becos sem saída.
Em nova erosão do Estado Democrático de Direito, os cadáveres empilhados de nove garotos – 14 a 23 anos – valem como troféus num morticínio em praça pública, sem julgamento e sem piedade, a certeza de impunidade absoluta.
Houve uma época em que o Estado brasileiro retirava garotos que residiam em abrigos de menores para executá-los na madrugada.
Agora, mata-se jovens que tentam ser jovens – o que inclui se divertir, namorar, embrigar-se e cometer transgressões.
Num torneio de morticínios, João Doria e Wilson Witzel, governadores dos mais influentes estados brasileiros, procuram abrir seu caminho no país de Jair Bolsonaro, de quem disputam a herança.
Não há a menor preocupação com a necessidade de cultura dos jovens pobres e pretos.
Nem uma promessa – fugidia que fosse – de esperança de um destino melhor. Vivem largados, entre a pressão do tráfico e a falta de oportunidades reais na vida. Fora isso, nada. Apenas a morte.
Alguma dúvida?
Paulo Moreira Leite é jornalista e colunista do Brasil 247, ocupou postos executivos na VEJA e na Época, foi correspondente na França e nos EUA
Fonte: Brasil 247
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